Estratégias que conduzem à compreensão dos idiomas
Inglês para leitura
Viviane Heberle de Oliveira* - Diário do Sul
Várias pesquisas sobre leitura em língua estrangeira vêm sendo realizadas tanto no Brasil como no exterior, mas parece-nos que certas questões relativas a tais estudos ainda não foram suficientemente divulgadas e apreciadas por nossas comunidades educacionais de segundo grau. Como a leitura em língua estrangeira tem papel fundamental na formação do aluno brasileiro pela oportunidade que lhe oferece de conhecer outros modos de perceber a realidade e de criticá-la, é importante discutirmos algumas dessas questões.
Em primeiro lugar, tem-se constatado a validade de se relacionar o assunto do texto com a experiência prévia ou o conhecimento de mundo do leitor para uma compreensão eficaz do texto, pois tal associação ativará a memória e facilitará a interação entre o leitor e o texto. Por exemplo, se o texto tiver como título "O esporte boxe e o cérebro", já se pode antecipar algumas ideias que, provavelmente, estarão presentes no texto, tais como problemas cerebrais sofridos por boxistas ou consequências físicas mais graves. Assim, o aluno de língua estrangeira deve passar os olhos pelo texto para tentar descobrir o assunto. O título, os subtítulos, as palavras-chaves e ideias principais de cada parágrafo do texto remeterão à memória certos "quadros mentais" relacionados ao assunto e prepararão o aluno para uma leitura efetiva.
Outra consideração importante para um leitor de uma língua estrangeira refere-se à sua capacidade de ler por grupos ou sequências de palavras e não por palavras isoladas e de guardar na mente o significado enquanto vai lendo. Ao tentar traduzir palavra por palavra, ou às vezes, até mesmo tentar analisar o sistema de sons da língua estrangeira, o leitor ineficaz perde o significado do texto conforme vai lendo.
Nesta etapa do processo de leitura está o problema de como enfrentar palavras novas. Cabe ao aluno partir das palavras conhecidas e não se "apavorar" com o vocabulário desconhecido ou difícil. No caso da língua inglesa, não precisamos enumerar aqui as palavras conhecidas pelos alunos - sempre haverá no texto algumas semelhantes ao português que poderão lhes auxiliar a entender o texto. Entretanto, caso tal estratégia não resolva o problema do significado, há ainda dois caminhos a seguir. As palavras mais difíceis podem ser esclarecidas pelo contexto - onde o aluno tenta adivinhar o significado pelo tema e por sua experiência prévia - ou pelo conhecimento de algumas regras de formação e derivação de palavras em inglês (tais como prefixos, sufixos, etc.). Mostraremos dois exemplos:
1) John was taken to X as soon as he had fallen and the doctors were able to save his life. Nesta frase, X só pode ser o hospital ou pronto-socorro, pois o texto nos informa que João caiu e logo foi levado até lá, onde os médicos conseguiram salvá-lo.
2) O significado de undoubtedly pode ser esclarecido decompondo-se esta palavra: un - doubt - ed - ly. Se o aluno souber o que é doubt (dúvida), ele chegará até indubitavelmente.
O terceiro ponto a ser mencionado entre vários outros não menos importantes diz respeito à leitura de tipos diferentes de textos. O aluno deve saber distinguir um texto narrativo de um argumentativo. Ele tem de saber se o autor mostra causas e efeitos, ou dá alguma definição, ou descreve um processo, etc. Para realizar tal estudo, o aluno tem de ter acesso a vários tipos de textos que sejam autênticos, isto é, não histórias simples elaboradas especialmente para o ensino de inglês, mas sim textos retirados de revistas, jornais ou manuais preferivelmente estrangeiros. Ler uma língua estrangeira não significa decodificar palavras e analisar aspectos gramaticais: o conhecimento de vocabulário e de gramática são importantes, mas é necessário tentar captar as ideias e os conceitos e mais tarde procurar resolver problemas linguísticos detalhados.